segunda-feira, 14 de abril de 2014

Domingo de Ramos - homilia D. Diamantino na missa de Ramos

Para você que perdeu a abertura da Semana Santa em Campanha, transcrevemos a Homilia que Dom Diamantino fez na solene Missa de Domingo de Ramos e da paixão do Senhor.

Irmãs e irmãos caríssimos,
Ao celebrarmos o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, ouvindo a narrativa segundo Mateus, percebemos que Jesus, embora tendo sido aclamado festivamente pela multidão, essa mesma multidão logo depois grita: “Crucifica-o, crucifica-o”. É a contradição humana que se revela tantas vezes em nossa própria existência.
Queremos agradar a Deus, mas ao mesmo tempo nós cometemos tantos erros que não agradam ao mesmo Deus. Percebemos que o próprio Jesus, na sua humanidade, sofreu humilhações, zombarias, sofreu rejeição, ao ponto de ser negada por um discípulo, traído por outro, maltratado pelo chefe dos sacerdotes, pelos políticos de então, como aconteceu. Apenas um romano, oficial, reconhece Jesus como Filho de Deus: “Ele era Filho de Deus”. É o que pode exclamar depois de tanta humanidade de Jesus, depois de passar por tantas peripécias, por tantos martírios, esse homem, que era pagão, revela uma sincera consciência de fé proclamando: “ele era Filho de Deus”.
E a gente percebe que tantas vezes nós enchemos a boca para proclamarmos Jesus como Filho de Deus, mas às vezes parece que, nós mesmo somos filhos da outra e não de Deus. E precisaríamos então reconhecer também com humildade e sinceridade que tantas vezes também zombamos do próprio Senhor, que tantas vezes também negamos pelas nossas atitudes incoerentes essa fé que tantas vezes proclamamos de boca cheia.
É porque tantas vezes o coração está longe. Embora a boca fale daquilo que o coração está cheio. Muitas vezes a boca nem sempre responde, corresponde, àquilo que teria existido e há de ser acalentado em nosso coração.


Aprendendo de Jesus, na sua profunda humilhação, no seu aniquilamento, precisamos, sempre e de novo, reconhecer que somos profundamente humanos, somos humanos demais. É que muitas somos pó e cinza e muitas vezes esquecemos que somos filhos e filhas desse Deus que parece ter abandonado o próprio Filho na cruz, a ponto do filho gritar “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?”
Mas o silêncio de Deus é a resposta mais certa porque desde eternidade o Pai amava seu Filho. Por isso também não abandona. Porque acolhe seu grito, acolhe sua dor, acolhe seu sofrimento, para, logo em seguida, acolhê-lo em sua glória, passando e manifestando a ressurreição.
Nessa perspectiva, irmãos e irmãos, celebremos, a Semana Santa em atitude fé, mas também em atitude de fé. De acolhimento e recolhimento. Em atitude de recolhimento para reconhecer que, no vozerio, na gritaria não acontece coisa boa. Acontece cruz e morte. Então, é preciso ser humilde ao jeito de Jesus. Sinceros ao jeito de Jesus para podermos, realmente, fazer da Semana Santa também um gesto de fé igual ao do oficial romano: “Ele era mesmo o Filho de Deus”. (Dom Diamantino Prata de Carvalho, ofm – Bispo da Diocese de Campanha – homilia 



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