Durante a Missa da Ceia do Senhor,
na quinta-feira santa (17/04), é realizado o Sermão do Mandato. Este ano, os apóstolos
escolhidos foram senhores e senhoras que estão diretamente ligados com a história
de nossa Catedral.
Durante o Sermão do Mandato,
padre Marco Antônio Iabrudi Filho, Pe. Marquinho, pároco da Paróquia Santo Antônio
surpreendeu a assembleia presente ao apresentar os apóstolos à comunidade. Com
uma delicadeza nas palavras justificou a escolha e elencou características de
cada um dos ‘eleitos’. Foi um momento de grande emoção para todos!
Reproduzimos aqui a parte do Sermão
do Mandato onde pe. Marco Antônio menciona os apóstolos.
“[...]Aqui estão eles, aqui estão
elas, nossos irmãos!
Aqui está a dona Elisa. Quem é a
dona Elisa? A nossa estimada amiga Elisa, que no alto dos seus 86 anos de
idade, na comunhão diária da Eucaristia, foi capaz de, octogenária, debruçar
sobre uma pesquisa para escrever um singelo livro para tornar a nossa catedral
mais amada e conhecida, não só por nós, mas por tantos outros. Elisa se entusiasma
com as ideias da juventude, faz observações críticas, pois sabe que a idade não
é um peso, mas uma contribuição. Nós somos muito felizes com sua presença em
nossa comunidade, dona Elisa.
Aqui está nossa amiga Suzana.
Dona Suzana. Dona Suzana que nós conhecemos bem desde os tempos do seminário.
Sempre serviçal! Sempre colocando o seu talento culinário a serviço da
comunidade, nas reuniões paroquiais. Sempre colocando as suas mãos e o seu
gosto para ornamentar os andores e altares com sua equipe, para mostrar que o
serviço prestado à Igreja, é sempre um serviço valoroso aos olhos de Deus. Ela está sempre disponível! Sempre servindo!
Sempre procurando, à sua maneira, com seu toque, com sua discrição, apresentar
a solução externa, na hora certa, para uma necessidade paroquial, para uma
necessidade de nossos seminários. Nós agradecemos, Da. Suzana, por tudo e todos
que você representa, pelo serviço que você presta à nossa paróquia, aos nossos
seminários!
Aqui está dona Filomena! Dona
Filomena talvez seja a apóstola da doçura, pois penso que não exista pessoa
mais doce, mais singela. Prestando sempre seu serviço na sagrada Eucaristia, é
a mão de Cristo, levando Cristo a tantos enfermos e idosos. E também sendo o
Cristo que cuida do Cristo enfermo na própria da família: um serviço de doação
e entrega. Um serviço de poucas palavras, mas de uma palavra verdadeira, séria,
doce e singela. Precisamos aprender tanto com você, Da. Filomena, a saber
silenciar, a saber ser mais doces, deixar as amarguras de lado! Muito obrigado,
Da. Filomena!
Aqui está a da. Arly, a poetisa
da turma. Escritora! Ela veio de Aiuruoca. Mas é muito mais campanhense do que
alguém nascido aqui. A da. Arly é motorista aos 82 anos de idade, que dirige
pela cidade. Destemida, leva os padres, aqui e acolá, como faz agora e como
sempre fez no passado: lembramos do irmão Paulo. Apóstola, sempre pronta a
servir de uma maneira singela, doce, pontual. Como se sempre estivesse no
lugar, da. Arly está lá! Como um time que nós podemos contar um jogador que
representa a chance da última hora: assim é da. Arly. Presença na nossa vida
paroquial, presença meiga, presença, sobretudo, de uma amizade tão verdadeira
para com todos aqueles que aqui estão e por aqui passaram. Nós agradecemos, da.
Arly.
Da. Terezinha! Meu até vontade de
comer um pastelzinho! Da. Terezinha aqui de São Sebastião, que representa este
amor sempre incondicional e verdadeiro a esta comunidade de São Sebastião. Uma
doçura que não é só dela, que ela recebeu também no sangue, dos irmãos que já
estão junto de Deus, dos pais, dos sobrinhos e filhos que também servem esta
comunidade. Mulher de poucas palavras,
não é, da. Terezinha? Mas de um olhar que transmite uma mensagem tão profunda
de amor à família que a senhora construiu com tanta luta; de amor a esta
comunidade com a qual a senhora soube deixar um legado, que é também um legado
da sua família, que é colocar-se a serviço através dos tempos. E isso renova-se
através das gerações! Muito obrigado da. Terezinha!
A dona Bilia [Gabriela], acho que
é o São Pedro dos apóstolos. Vai fazer 92 anos! É para nós um exemplo de
igualdade e santidade. Sobretudo de cuidado! Cuidado do amor de amor de mãe, do
amor de avó para com os sacerdotes: não só o padre Marco e o Edson. Mas desde
os tempos mais antigos onde a Mãedica e o pai Joaquim [pais de da. Bilia],
hospedavam e ofereciam préstimos aos nossos antecessores. De uma maneira sempre
discreta, silenciosa. Mas sempre com o terço, com a oração, com a oração
silenciosa do quarto, como nos ensina o evangelho. Deixa para nós, ainda hoje o
exemplo, que perpetuou na educação de seus filhos e netos, que chegam para o
padre, seja ele qual for, branco ou negro, sorridente ou carrancudo, de
Campanha ou de outra cidade: “Sua bênção, sô padre!”, e beijam a mão. Tamanha
devoção ao padre, ser humano, mas que remete ao Cristo-Sacredote. Deus abençoe!
Nós agradecemos, da. Bilia!
Seu Manoel. Nosso querido Manoel
Sebastião. Pai de uma família numerosa. Esposo da da. Terezinha. Seu Manoel,
que nos festejos de São Sebastião é o mais antigo! Desde a época do Mons.
Mesquista. Seu nome até hoje está no programa. Uma fidelidade sem igual, um
amor sem igual por esta igreja, por toda a paróquia! Homem que com sua esposa,
criou uma família tão maravilhosa. Uma família campanhense, mineira, gente brava!
Brava! De todas as patentes: desde o tenente ao brigadeiro! Mas sempre servindo
como soldados de Cristo, onde não existe patente: existe desejo de servir. Eu
acho que essa disciplina, essa ordem, esse amor às coisas sagradas é fruto do
matrimônio do senhor e da da. Terezinha e do exemplo a seus filhos. Nós
agradecemos porque o senhor representa tantos das comunidades rurais da nossa
cidade que, sempre à distância, cuidaram, com os produtos da terra e do campo,
das coisas de Deus, com suas ofertas e com suas orações. Nós agradecemos, seu Manoel,
por tudo que o senhor representa para nossa comunidade!
Seu Milton Maia. Seu Milton, nos
próximos dias, celebra 90 anos. Dos ministros mais antigos, é ele uma
recordação que nos faz remeter a tantos que já estão juntos de Deus. Alguns
ainda circundam este altar. O senhor Milton Maia, homem capaz sempre de nos
surpreender pela capacidade tão singela, tão humilde de procurar o sacramento
da Penitência. De procurar na Penitência a graça santificante de Deus! Homem também singelo, simples, sem muitos
discursos. Mas de um olhar, de uma presença vivencial que cala tanto ao nosso
coração, e que nos remete tanto àqueles que, com o senhor, serviram o altar da
Catedral e das comunidades de nossa paróquia, como os primeiros Ministros da
Extraordinários Comunhão. E olhando para o senhor, nós trazemos no coração
aqueles que já estão junto do Pai. E olhando para seu exemplo, nós pedimos a
força de permanecermos de pé, servindo a Cristo. Buscando o sacramento na Igreja
e dando testemunho verdadeiro na comunidade. Muito obrigado, seu Milton.
O Jarbas... O Jarbas, nosso
apóstolo da zona rural. Condutor dos sacerdotes. O apóstolo dos amigos. Olha,
Jarbas, talvez aqui em Campanha, neste período, foi de você que eu mais me
aproximei, você sabe disso. Me aproximei porque, com você, eu percorri as
comunidades rurais, como você o faz com o mons. José Hugo, ou com aquele padre
que estiver com você. Com você eu percorri sempre a casa dos doente. Eu,
exercendo o meu ministério; você respondendo as orações. Com a mesma
sinceridade, com a mesma piedade, com o mesmo sentido de perceber a necessidade
mais urgente de perceber aquela confissão que está lá longe; daquela unção que
está lá atrás da serra; daquele batismo que ninguém se lembrou; daquela
primeira eucaristia que ficou escondida; daquele matrimônio que precisou de uma
palavra para se desenrolar. Por isso, Jarbas, este serviço de devoção, de ir ao
encontro, de puxar o padre, de insistir com o candidato ao sacramento e à vida
da Igreja, é algo que fala muito ao nosso coração, pelo seu serviço e do seu
testemunho para com esta comunidade. Nós agradecemos, Jarbas, porque isto faz a
Igreja! Isto nos faz continuarmos a obra de Jesus Cristo! Deus abençoe você!
Seu Lalico [Geraldo Eulálio].
Ágil! Ágil porque sempre, bem antes dos Irmãos, estava à frente das procissões correndo
aqui e acolá. Com a expressão sempre terna, com uma expressão de bondade. Com a
expressão daqueles que sabem cuidar da obra da criação! Como ele faz isso bem:
cuidando de nossos jardins, das nossas roseiras, das nossas videiras, das
nossas figueiras com o mesmo amor com que o Cristo nos chama a cuidar de nossos
irmãos. Olha seu Lalico, a maneira como o senhor vive a sua vida, exerce seu
ofício, de uma maneira, também, despojada, sem o mínimo de ostentação ou
exigência de reconhecimento ou aplauso, é uma graça de Deus. É um estímulo de
fé para nós que hoje somos comovidos pelas palavras do papa Francisco. Mas nós
somos arrastados por testemunhos de homens como senhor: devotos, fiéis à Igreja,
que não entregam jamais, que sempre estão prontos a servir. Porque sabem que o
Deus é agradecido por todas as tarefas. Que Deus abençoe, seu Lalico! Nós
agradecemos!
Seu Sebastião Garcia! Seminarista
eu era, há 20 anos, eu ia à missa do Pe. Fuhad e me encantava com a sua
presença, sua postura reverente diante do altar da Catedral. Padre eu sou hoje,
seu Sebastião, e até hoje me comove o seu zelo, a sua pontualidade, a sua
hombridade, a sua simplicidade em servir com o mesmo amor, de 20, 30 anos atrás,
a igreja Catedral ou qualquer comunidade que necessite do senhor. O senhor é um
homem que não tem escala! O senhor ultrapassa qualquer escala porque está
sempre de prontidão para servir! E pedindo sempre a bênção! Às vezes a gente
fica até envergonhado: como envergonhar uma pessoa como o senhor Sebastião? Mas
como a bênção não é minha, a bênção é de Deus, a gente abençoa! Sentimos feliz
com a sua presença aqui. Que Deus abençoe! Muito obrigado pela sua presença
aqui, seu Sebastião!
Neíque [Carlos Henrique], o São
João, é o caçula. Olha, Neíque, você está aqui como irmão do Santíssimo
Sacramento. Você está aqui lembrando-nos do passado onde a Catedral foi erguida
pela Irmandade do Santíssimo Sacramento. Você está aqui porque certamente, na nossa
comunidade, é a pessoa que mais tem se empenhado pela reforma de nossa
Catedral. Se empenhado em todos os sentidos: preocupado com as contas,
preocupado com os carnês, preocupado com os pagamentos. Presença diária! Nesta
maneira sua, que é um jovem senhor, toda comunidade paroquial, deve encontrar,
hoje, compromisso de também engajar-se na causa da Catedral. Mas muito mais que
a causa da Catedral, perceber que o serviço da Igreja não tem idade, nem
jovens, nem adultos, nem idosos: todos são chamados a servir e testemunhar
Jesus Cristo. Você que representa esta assembleia, todos nós, jovens senhores,
jovens senhoras, adolescentes, devemos encontrar uma ideia, ter uma atitude
para servir de uma maneira tão voluntária, olhando para o patrimônio, que é de
toda comunidade, como depósito da fé, donde a Catedral é apenas a representação
visível. Depósito da fé, da verdade da Igreja e do Evangelho. Nós agradecemos,
Neíque, pelo seu engajamento, pelo seu testemunho junto com sua esposa e seu
filho dentro de nossa comunidade. Vemos em você a esperança de reconciliação
entre o presente e o passado, entre o passado e o futuro. A esperança de
continuidade. É preciso que os mais jovens, e os ainda mais jovens, assumam
tanta riqueza que estes e estas têm deixado como legado para nós. Porque também
receberam de seus antepassados. Deus abençoe, Neíque!”
Padre Marco Antônio Iabrudi Filho
– Pároco da Paróquia Santo Antônio – Campanha/MG - Trecho do Sermão do Mandato –
Semana Santa 2014
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