Você confere agora a íntegra da homilia de Dom Diamantino na missa de Páscoa.
Meus irmãos e minhas irmãs, o
texto para a missa da Páscoa nos deixam um tanto quanto apreensivos e até
questionadores. No evangelho, por exemplo, termina assim: “De fato, eles ainda
não compreendiam o que significa ressurreição dos mortos”. Então, a gente
percebe que houve uma caminhada, um aprendizado para que os próprios discípulos
entendessem as escrituras. Já disse Pedro, na primeira leitura, dos Atos dos
Apóstolos, que as escrituras, sobretudo dos profetas, dão testemunho de Jesus
Cristo. São Jerônimo diz que toda
escritura refere-se a Cristo Jesus, e desconhecer as escrituras é não conhecer
Cristo. Isso é sério!
Isso é sério porque nós
negligenciamos a Leitura Orante da Palavra de Deus. E é por isso que muitas
vezes temos dificuldades, não só em compreender as escrituras que falam da
ressurreição, como também temos dificuldade de acreditar. Que é pior ainda! Lá
não se fala que Jesus apareceu a Madalena e ao discípulo amado. Simplesmente
viram e acreditaram. Viram o quê? O túmulo vazio: os panos que cobriam o túmulo
de Jesus. O sudário que cobriu sua cabeça, sua fronte, estava dobrado à parte.
São os pequenos detalhes!
Agora, crer no vazio é difícil
também. Ninguém crê no vazio. Nós cremos é naquilo que vemos, naquilo que
apalpamos, naquilo que tocamos, naquilo que abraçamos. Ontem à noite, o texto
de Mateus dizia que as mulheres que foram ao túmulo abraçaram os pés de Jesus.
É bonito! Isso significa, que embora o túmulo estava vazio, elas acreditaram
porque Ele já havia dito que o Filho do homem ressuscitará dos mortos. Depois
do sofrimento, da cruz e da sepultura, vem a aurora da ressurreição.
Depois da ressurreição é que os
discípulos então vão compreendendo devagarinho. Esse discurso de Pedro está
situado mais tarde, depois de Pentecostes, 50 dias após a Páscoa. Porque foi
precisamente o Espírito do ressuscitado que invade suas mentes e seus coração
para irem até ao mundo.
Precisamos de um novo colírio,
para ver bem, para enxergamos mais profundamente, para poder realmente olhar
com a alma. E o colírio da alma é a fé. É o creio! Mesmo que a gente não tenha
visto, ou mesmo que a gente veja o vazio e alguns sinais: os panos e o sudário.
Isso é importante! Aliás, quando alguém de nós perde um ente querido, fica um
tempo sem entender: só chora. Só se cobre de luto. Não apenas os sinais
externos, mas sobretudo o luto da alma: a solidão, a saudade. E às vezes, na
minha terra era assim: a pessoa ia olhar um pouco onde restavam os sinais da
presença do saudoso, daquele que havia partido, e lembravam e contavam certos
fatos: era assim, o jeito dele, era desse jeito, não era deste.
Do mesmo jeito os discípulos
falavam de Jesus e foram contando precisando a partida e a ressurreição. A luz da
ressurreição interpretada pelos fatos passados, desde que começou a missão
evangelizadora de Jesus. Por isso, agora também os manda que voltem à Galileia.
Porque foi lá que tudo começou. E a
partir de lá que os discípulos devem iniciar a missão de ir a todo mundo, de
levar a todas as criaturas a boa nova do Reino.
É impressionante esse olhar, esse
ver para acreditar! É verdade que Jesus, mais tarde, Jesus diz a Tomé: “Ah
Tomé, você acreditou porque viu. Porque tocou. Bem-aventurados os crêem sem
terem visto!” É interessante o jogo de palavras! Na maioria das vezes a gente
quer realmente sentir, quer ver de perto, mas nem sempre acontece. Resta-nos
então, precisamente, esse lugar da fé. Que vê mais fundo, e que vai descobrindo
devagarinho a presença desse Deus que caminhou com os seres humanos, que se fez
solidário com o sofrimento, e que foi sempre presente nas horas mais dolorosas
da vida dos irmãos e das irmãs, a ponto dele mesmo assumir, na dor da paixão na
cruz acima de tudo.
É por isso que a gente só
acredita mesmo, em um Deus que se faz solidário, que se faz presente, como os
cristão ao proclamarem a Boa Notícia da ressurreição: Ele está vivo, Deus
ressuscitou! Paulo vai dizer depois, na carta aos Coríntios, que apareceu
também aos discípulos, depois a 500 irmãos e por último “a mim, como adotivo,
que não sou digno de ser chamado apóstolo”. Paulo tem consciência e
conhecimento da presença do Senhor Ressuscitado, que continua entre nós.
A Páscoa é também, uma
manifestação religiosa do povo cristão, de lembra, de fato, a cada domingo, dia
do Senhor. Em memória desse texto: “no primeiro da semana”, é o Dies Domine, o
Dia do Senhor. Por isso participamos, não apenas da páscoa anual, mas da páscoa
semanal: o Domingo. Devemos santificar o domingo! Como aprendemos no catecismo
da primeira comunhão: santificar o domingo e dias de guarda. Não sei se vocês
lembram também! Eu já fiz a primeira comunhão há 60 anos, 63 anos precisamente.
A gente percebe que, aquilo que
acolhemos com amor, a gente aprende mais fácil. É o caso do discípulo que era
amado por Jesus. Ele era amado, por isso, então, ele viu e acreditou. E toda
fonte mais profunda da fé é o amor. Nós só acreditamos nas pessoas que nos
amam, ou quando nós a amamos e acreditamos no palpite delas. Assim também é com
Jesus! Nós só podemos entregarmos a ele porque ele nos amou e se entregou por
nós. Ele se doou totalmente! E por isso, nós também acreditamos, porque Jesus
continua nos amando! E nós também prometemos amar Jesus. Nem sempre
correspondemos, mas queremos hoje, dia de Páscoa, prometer mais uma vez: assim
como o Senhor me amou, assim também quero amar o Senhor. Essa é a minha fé!
Amém!
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